segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Vá para fora cá dentro I

Como no fim de semana passado ainda estávamos em fase de adaptação e estabilização e também ainda n tínhamos tido muito tempo para fazer turismo em Casablanca, acabamos por ficar cá (mas que não se repita!!!!!).
Como já tinha ido à Medina antiga (da qual ainda não tenho fotos), decidimos ir à Medina Nova (Nouvelle Medina ou quartier Habous, by the way, ao que parece, tudo aqui tem mais que um nome…..).
Esta é uma versão limpinha da Medina, foi construída nos anos 30 pelos Franceses para agradar os europeus (basicamente é uma armadilha para turistas). São ruas largas e LIMPAS, cobertas de lojas em que todos os comerciantes tentam chamar a atenção.
Numa das extremidades de Habous está o Palácio Real (que é como quem diz, onde o Rei fica quando está em Casablanca, já que ele vive em Rabat). O Palácio tem óptimo aspecto, pelo menos daquilo que conseguimos ver, porque o edifício é fechado ao público, e só nos pudemos aproximar porque os guardas simpatizaram connosco.
No caminho para lá o nosso taxista, para além de se ter enganado no caminho e depois nos querer cobrar uma fortuna ainda atropelou um ciclista connosco dentro do carro. O ciclista não se decidia se queria ir para a esquerda ou para a direita e acabou por chocar com o táxi. Arrancou o espelho retrovisor antes de cair no chão com a bicicleta escangalhada. O taxista saiu do carro para lhe bater, mas ele fugiu a coxear. Tudo isto se passou enquanto nós estávamos entre a incredulidade e o riso histérico.
Ao fim da tarde fomos à Boulevard de la Corniche, que é a zona das praias, dos clubes de praia privados, das casas de gente rica (mas rica mesmo rica, tipo rei da Jordânia), das discotecas (com ou sem profissionais, mas acho que aqui são mais as discos com profissionais) e dos restaurantes e cafés caros, onde a juventude endinheirada de Casablanca se junta para ter noites ao estilo Sexo e a Cidade.
No dia seguinte, fomos à mesquita, que é uma das duas únicas mesquitas em Marrocos que são abertas aos infiéis. Podia escrever mais coisas sobre a mesquita mas ia soar a guia turístico. Só se pode visitar por dentro com uma visita guiada e a nossa foi em inglês. Tivemos como companhia o cliché americano: desde miúdas que vão de vestido cai-cai e mini-saia acompanhadas por jovens gordos com t-shirts de futebol americano até velhotas vestidas de fato de treino, maquilhadas e com aquelas palas para o sol na cabeça A visita vale a pena, mas é um pouco cara para os padrões locais e para além disso há um preço “especial” para estrangeiros!

Temos aniversário

O Sérgio virou trintão! E como tal facto merece sempre festa de arromba, fizemos uma jantarada cá em casa.
Não foi o primeiro jantar, mas foi o maior. Teve direito a prenda, bolo e cantorias de parabéns! E como não podia deixar de ser, tivemos que tirar a foto de grupo. Como sei que já está tudo irritado comigo por eu não tirar fotos a pessoas (nesta viagem, nem os colegas me safam, aqui tudo prefere fotos sem pessoas), aqui vai a foto. Só tugas!

By the way, o técnico do satélite, foi lá a casa mesmo a tempo de podermos ver o Portugal-Argentina, só que azar dos azares, a RTP internacional não deu o jogo!!!
Enquanto emigrante sinto-me defraudada! Então, mas o que é isto???? Em vez de jogos de futebol, vemos o Malato??? Ainda por cima episódios do Malato do Natal??? Não há direito! os emigrantes são muito mal tratados!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

As vantagens de trabalhar num 19º andar

Os escritórios onde trabalho encontram-se no 19º andar das Tour dos Habous. Isto trás alguns inconvenientes. Como por exemplo, a hora de chegada ao trabalho está sempre dependente do número de pessoas que sobem connosco no elevador, e de cada vez que entro num dos referidos elevadores, tento abstrair-me da imundice, dos barulhos duvidosos e dos constantes abanões e viro religiosa!!
Por outro lado, a vista da cidade é impagável.

Esta é a famosa mesquita Hassan II, a coqueluche da cidade. É a maior mesquita de África e terceira maior do mundo a seguir a Meca e a Medina, na Arábia Saudita. À frente da mesquita está a Medina (com as suas parabólicas)


A seguir temos o tribunal e o equivalente à câmara municipal, com o Parque da Liga Árabe no fundo.


O mercado central que vende principalmente flores e especiarias com alguns “restaurantes”, muito giro por dentro, mas ainda não tenho fotos para mostrar. Reparem no edifício que, em tempos, deve ter sido lindíssimo e que agora é uma ruína em pleno centro da cidade.
E por último, temos a outra coqueluche da cidade, o hotel/edifício de escritórios/centro comercial/hipermercado: o Twin Center.

As primeiras aprendizagens

- o pijama serve perfeitamente de roupa de rua, assim como os chinelos de quarto. Vê-se mesmo imensa gente de pijama na rua (quando tiver lata para tirar uma foto, ponho aqui!);
- as pessoas aqui quando entram num elevador tocam sempre em mais do que um andar. Juro que não percebo porquê, mas é muito irritante quando se tem que subir 19 andares num elevador de qualidade duvidosa;
-continuando no tema dos elevadores (este tema ainda tem muito para dar), este era o aviso que estava no primeiro elevador onde entramos.
Não tem travão de segurança, mas como eles dizem aqui: confiance!!
- os porteiros nesta terra (ou conciérge) são mais que nossas mães, visto que nos pagam as contas, mudam as garrafas de gás e fazem todo o tipo de recados por uma tuta e meia;
- as mulheres marroquinas não frequentam cafés, não que estejam proibidas, o que me parece que não, visto eu ir ao café todos os dias (sou um ser social). Mas pura e simplesmente não vão. Por outro lado, os homens passam a vida nos cafés e nas esplanadas e sentam-se sempre virados para a rua, para ver as vistas….. vá-se lá saber porquê!

- é engraçado ver MacDonalds ou KFC escrito em árabe.
- nunca vi tanta parabólica na vida!!!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Chegada

Aqui vão as primeiras e muito devidas já notícias de terras marroquinas.
Ora bem então vamos começar pelo inicio, a chegada.
À chegada, e à lordes, tínhamos um transporte para o hotel, assim daqueles em que o senhor tem uma plaquinha com o nosso nome. Só que, e para não nos esquecermos que estávamos em África, o senhor chegou atrasado e nós já a pensar que tínhamos sido abandonados, mas eventualmente o senhor lá chegou e era uma simpatia.
Mas assim só para termos logo um cheirinho do que é a cultura e a cultura do trânsito em Casablanca, ainda não tínhamos chegado à cidade e vimos uma cena de pancadaria entre um taxista e um homem das obras e que também metia tijolos e policias que tentavam separar e policias que mandavam mais achas para a fogueira. Isto enquanto paravam o transito todo que vinha atrás deles (nós incluídos…ao menos foi uma boa introdução à cidade).
O nosso hotel era porreiro pá!, as pessoas eram simpáticas, o restaurante era bom e tinha um ar limpinho. De cada vez que nos viam os porteiros (que aqui se chamam concierge) entravam numa discussão animada sobre quem era melhor, o Figo ou o Ronaldo, o cliché do costume!!
Ficamos uma semana acampados os três num quarto pequeno ……..espectacular!!!!
Os dias têm sido cansativos, sempre a correr de um lado para o outro a tratar de coisas. Entre compras de telemóveis, de cartões de telemóveis, cartões para carregar os telemóveis (lol), encontrarmo-nos com agentes imobiliários para lhes explicarmos o que queremos, encontros com agentes imobiliários para eles nos mostrarem as casas, levantar quantidades astronómicas de dinheiro para pagar a casa (em dinheiro, à gangster), etc. tudo isto enquanto chove torrencialmente e faz frio numa cidade que não se conhece, não se fala a língua e se fala muito mal a segunda língua e onde o transito é caótico…ora bem…diz que estou cansada!!!!
Agora que já estou instalada a coisa está melhor, já não situações para tratar e já tenho uma casa a serio que me acolhe no fim do dia (oh que frase tão nita!!)
A casa é muito fixe, tem três quartos, cada um com cama de casal (tiramos à sorte e a mim calhou-me a suite, oh yeah!!), duas salas, uma com três sofás, um plasma gigante e, segundo o que eles dizem, um sistema de som espectacular, e outra sala com dois sofás e uma lareira (que desconfio que nunca vamos usar).
O que significa que pode cá dormir muita gente, como sabem estão todos convidados. Estamos a morar na zona fina da cidade (que é onde moram todos os meus colegas e todos os portugueses que conheci ate agora, e ainda são uns quantos), que é aqui:
em que, viva o luxo, até há recolha de lixo, sem bem que na minha rua não há um único caixote do lixo. Mas é mais agradável que o resto da cidade, as avenidas são largas e com palmeiras, tem imensas lojas e restaurantes e mercearias. Está perto de um centro comercial e tem tudo um ar bastante europeu, nesse sentido é um pouco descaracterizado.
O que não podia contrastar mais com a zona onde trabalho que é aqui:
que é no centro mesmo ás portas da Medina, onde as ruas são estreitas e escuras e feias e pejadas de lixo no chão, com imensos vendedores ambulantes, onde há sempre um pedinte, onde está sempre alguém a querer engraxar-nos os sapatos, ou a querer que compremos um relógio ou uns óculos.
Demoro mais ou menos meia hora a pé a chegar ao trabalho e o pessoal aqui vai a pé para todo o lado. Transportes públicos e andar de carro é para loucos!!
No geral a cidade é muito poluída, tem imenso lixo pelas ruas e respira-se gasolina com bastante chumbo! O Por outro lado, acaba por ser uma cidade normalíssima, tem zonas boas e zonas menos aconselháveis. Tem zonas super ocidentais e outras em que só se vêm homens na rua.
Para já ainda vi pouco, porque não tenho tido muito tempo, mas já fui à Medina, que gostei muito (se bem que já me disseram que esta Medina não tem nada a ver com as medinas a serio como as de Fez ou Marrakesh) e já fui à Mesquita Hassan II que é a maior mesquita de África, mas não cheguei a entrar porque era sexta-feira, por isso tenho de lá voltar. Mas no geral é isto a cidade não tem muito mais para ver, é importante porque é um centro comercial e financeiro de muita importância para o continente, mas em termos de turismo é fracota. Também já me consigo orientar mais ou menos bem na cidade. Aqui as avenidas são circulares, ou seja, se nos enganamos e pensamos que viramos na próxima, na realidade não estamos a andar em frente, mas sim a dar a volta à cidade!!!!!
Já fui sair à noite duas vezes. Desengane-se quem pensa que por isto ser África e ser um país islâmico não tem noite. Antes pelo contrário, isto de noite nem parece que estamos na mesma cidade. Discotecas todas finesses onde as bebidas são caríssimas e onde elas andam todas descascadas (e não, não são profissionais)….não faz muito a minha onda, mas pronto.
Desengane-se também quem pensa que em África só há calor. Até agora tem chovido todas as noites (e muitas vezes durante o dia) e de dia estão no máximo uns 16ºC, sendo que nos últimos dias a média tem sido uns 7 ou 8ºC. Não vim, de todo, preparada para isto. Por outro lado, quando o sol abre…queima!
Para quem está preocupado com a crise no Magrebe e com o poder de contagio que este clima de instabilidade te registado na região, acho que podemos todos estar descansados. Segundo o que nos dizem já cá está há mais tempo e percebe da coisa, diz que aqui a malta gosta do rei. Parece que, para padrões africanos até rouba pouco e têm se esforçado para implementar umas medidas anti-corrupção. No outro dia passamos por uma manif, mas pareceu-nos que era a favor do rei……tudo bem!
Até agora a comida tem sido óptima: os tagines, as espetadas e afins é tudo bom e para além disso há imensos restaurantes europeus por isso n vou passar fome e a comida é toda barata. Podemos fazer uma refeição entre os 3 e os 6 euros.
No geral, o choque está a ser muito menor que a na Índia, por isso há menos maluqueira e menos episódios para contar. Para já o maior desafio tem sido mesmo a língua que me dá uma sensação de dependência que não me agrada, mas pronto.
Para primeiro post já esta aqui muita informação, por isso despeço-me.


PS – pra semana vem cá um técnico para tratar do satélite a ver se conseguimos ter a RTP Internacional…….sinto-me uma verdadeira emigrante!!